
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) é uma das entidades que irá fiscalizar a aplicação da nova lei que proibe o fumo em espaços fechados de utilização pública em Portugal. Mas o presidente da instituição, António Nunes, foi fotografado pelo Diário de Notícias a fumar uma cigarrilha no Casino do Estoril às 02.30 da manhã do dia 1 de Janeiro, 16 horas após a Lei do Tabaco ter entrado em vigor. A imagem do presidente da ASAE fumando durante a confraternização, inclusive em companhia de colegas da instituição, correu mundo e tomou conta de todos os noticiários de modo negativo. Um triunfo para os fumantes revoltados com a nova lei no país e uma má impressão causada lá fora.
Mesmo com muitos avisos de antecedência, a proibição do uso do tabaco em locais fechados, em Portugal, apanhou os portugueses desprevenidos. É que em Portugal, como no Brasil, as pessoas estão há decadas habituadas a que as leis são discutidas, aprovadas, mas demoram a entrar em vigor e quando entram, o tempo de tolerância se estica até que o hábito do descumprimento se instale. Mas desta vez, com as exigências da CE à perna, todos foram apanhados, em meio às festas de fim de ano com a proibição definitiva. Nada que se compare com o Brasil, onde nas pequenas como nas grandes cidades o "proibido fumar" é apenas um ícone num adesivo colado algures. Em Portugal não se fuma nos ônibus - autocarros - desde há muitos anos. Quando algum estrangeiro ou outro desavisado o faz, é repreendido e mandado para fora. Mas nos cafés, bares, restaurantes o ritual é quase sempre seguido. Há a hora do jantar e o após o jantar, mais ou menos para todos, quando se começa a tomar o digestivo e as salas se enchem de fumaça. Quem come mais devagar tem que tomar fumo na sobremesa. Agora este ritual terá que se transferir para as áreas de fumantes e para as ruas. O primeiro dia da Lei do Tabaco ofereceu imagens cómicas aos telejornais, de portugueses "matando" hora de trabalho para fumar e na frente dos locais de trabalho, a beira da rua, em grupos numerosos de cigarro aceso. De fazer qualquer fumante se sentir um excluído. Para uns a lei é pedagógica pedagógica, para outros repressiva e injusta, mas o facto é que quem vende venderá menos de agora em diante, e quem fuma, provavelmente fumará bem menos. Quem não fuma, portanto está livre da imposição do tabaco dos outros.
Comer fora em Portugal custa pouco, ao contrário de Espanha e de outros países da Europa. Qualquer português pode ir a um restaurante ou tasca e comer um prato popular para economizar tempo e dinheirono preparo. Mesmo com o risco de comer uma comida pesada e inadequada durante as estações mais quentes. Nos shoppings também come-se bem e barato. Mas fumar nas salas de jantar é um hábito comum entre, tascas, restaurantes 5 estrelas e praças da alimentação. Ou melhor, era. Agora dá multa pesada e a gerência tem poder de polícia para punir quem insiste em manter o cigarro aceso.
Ana Lúcia Araújo
Não fumante e viciada em oxigênio.
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