.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

DEBATE EM CARCAVELOS ABRE PROGRAMA DE PEDRO CÉSAR BATISTA EM PORTUGAL

Marcadores: ,

quinta-feira, 24 de março de 2011

Governo Português: uma queda diferente e ainda entre aspas

Entre o chumbo ao PEC - Programa de Estabiliade e Crescimento - na Assembléia da República e o pedido de demissão feito pelo Primeiro Ministro português José Socrates, passou-se menos de uma hora. Mas entre o pedido, feito ontem, e a reunião com os partidos convocada para amanhã pelo Presidente Cavaco Silva, como até a demissão do governo do Partido Socialista ser aceite, há ainda um tempo e muito por acontecer e ser acompanhado.

As reações do mercado internacional não dão sinais, no dia de hoje, de uma provável recuperação da alegada confiança perdida no atual governo português. Há inclusive a reação da Primeira Ministra alemã Ângela Markel, que parece indignada com a oposição portuguesa por conta da derrota do PEC, segundo ela bem aceite pela comunidade europeia. A queda do governo Sócrates tem um contexto nacional e europeu muito mais grave e completamente diferente da queda de António Guterres, o que parece não estar a ser bem entendido pelo conjunto dos envolvidos na crise política aberta ontem. Muita água ainda a correr por debaixo da ponte até a queda oficial deste governo do PS.

José Socrates ainda participa em Bruxelas hoje de importante cimeira relacionada com a crise europeia, munido de todos os poderes, embora como demissionário. Antes de ir, não deixou de frisar que Pedro Passos Coelho, líder do PSD, terá muito o que explicar, como responsável pelo principal partido de oposição e pelo resultado da votação de ontem da Assembléia da República. O PSD, que havia rejeitado a moção de censura apresentada no último dia 10 de março pelo Bloco de Esquerda, votou contra o PEC, aparentemente influenciado pelas últimas manifestações contra o desemprego que aconteceram pelo país. Em discurso à nação, ainda na noite de ontem, o Primeiro Ministro José Sócrates responsabilizou a oposição pelo que acontecerá de agora em diante, a partir da sua saída. Para ele, faltou às oposições "pensar duas vezes". Passos Coelho reagiu ao pedido de demissão do governo menos modestamente do que era esperado. O líder do PSD já fala com ares de futuro Primeiro Ministro e deverá inclusive encontrar-se rapidamente com a Primeira Ministra alemã Angela Markel por ocasião de um encontro partidário.
Analistas políticos portugueses são quase unânimes em observar que, muito embora a situação atual da economia portuguesa seja insustentável, houve aproveitamento político-partidário da crise econômica na derota do 4º PEC de modo a que Sócrates colocasse o cargo à disposição, conforme prometera. A crise política já não é uma ameaça, está aberta e acompanhada da crise económica. Agora a questão é: se o governo português cai mesmo, quem pega nele e como? Que governo faria as coisas de modo diferente? A obrigação de acertar é agora ainda maior do que a do governo Sócrates. Em nada adiantará a um futuro governo andar a justificar novos erros com o velho "estamos a consertar o que os outros fizeram" Agora é mesmo a doer.