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domingo, 27 de setembro de 2009

Brigada anti-maioria terá ajudado a "endireitar" o próximo governo?

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS EM PORTUGAL

A disposição em combater a maioria absoluta do Partido Socialista, em detrimento da divulgação dos próprios projetos, encabeçada pelo ainda maior partido de oposição (PSD) e muito bem assimilada à direita pelo CDS-PP e aproveitada como prioridade pela esquerda emergente do Bloco de Esquerda, terá ajudado a surtir um resultado - não inesperado para mim - no mínimo acalmador do entusiástico crescimento do partido liderado pelo economista Francisco Louçã, considerado por diversos analistas o candidato da esperança para o país, diante do propagado desencanto pela política, que tem levado aos altos índices de abstenção.
O foco exagerado no combate à maioria do partido do atual primeiro ministro português, resultou em menos prejuízo para o seu partido do que era esperado, embora os socialistas tenham perdido a maioria absoluta e muitos lugares de deputado. O discurso propriamente contrário ao governo de José Sócrates não é ao que mais se deve o crescimento do Bloco de Esquerda e mesmo a derrota eleitoral e moral do PSD nessas legislativas. O crescimento do jovem partido se deve a um programa razoavelmente bem difundido antes da campanha, e ao carisma da liderança de Francisco Louçã. Quanto ao PSD, o desgaste tem decorrido dos inúmeros incidentes internos que revelam um partido em frangalhos, que não se entende dentro das próprias fronteiras.
Mas as esquerdas continuam a cometer erros estratégicos infantís como o de repetir, no entusiasmo de uma campanha eleitoral, o discurso da extrema direita quase sem vírgulas, no intuito de atingir o inimigo ideologicamente errado, mas que está no poder. Isto ao invés de se bater pelo voto dos abstêmios e dos indecisos. O resultado do côro contra todas as maiorias absolutas do mundo é que Paulo Portas, do CDS-PP(a direita portuguesa) reclama em pé de igualdade com o Bloco de Esquerda a "autoria" das "derrotas" do PS. Paulo Portas foi o grande vencedor da noite eleitoral em Portugal, pois atingiu um crescimento, se calhar até por ele mesmo inesperado, que lhe permitirá, se assim quiserem, conformar uma nova maioria absoluta com o Partido Socialista. Com uma campanha mais descolada da figura do primeiro ministro, embora em tom polulista, o CDS-PP captou a simpatia de boa camada de indecisos, jovens, decepcionados com a oposição PSD e ainda com o governo PS. Um governo com Sócrates é possivel para Paulo Portas, já que a tão namorada coligação PS/BE, visando um governo equilibrado à esquerda, está inviabilizada enquanto maioria absoluta somada, tendo em conta que o Bloco não ascendeu à 3ª posição, tão esperada, no ranking nacional das forças políticas.
Quem votou no BE com essa boa intenção frustra-se ao ver os resultados. Pois a possibilidade de um novo governo Sócrates com a direita resurgida pode significar um arrefecimento no balão de ar quente do crescimento da que é considerada a "esquerda a sério" em Portugal. O BE dobrou o número de deputados, mas agora tem o tempo como inimigo.
Considerando ainda que o conturbado governo de José Socrates atravessou a Crise com "C" e vários "túneis escuros" de escândalos, incidentes sociais e denuncismos, as eleições legislativas de hoje tem outro vencedor, que é ainda o próprio PS, que se mantém no poder e poderá escolher, apesar de tudo, não só quem desejará ter no governo, mas relativamente com quem estará mais confortável na oposição. Ia esquecendo: a noite eleitoral tem ainda um terceiro e real vencedor, a CDU, mas a este já estamos habituados a ver ganhar sempre nas eleições, mesmo sem ganhar as eleições. Vamos às autárquicas e municipais já no dia 11 de Outubro.

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