.

domingo, 29 de junho de 2008

Voo de Coração, com 25 anos e agora sem acento

Onde você estava em Junho de 1983 quando Ritchie compôs e gravou esta música?

Ele é um artista pop inglês, precussor do Rock Brasil, com muitos "casos" na MPB e cada vez mais empenhado em cantar em português e aprender a sua língua de adoção. Lembra mesmo no site oficial que o "Voo..." agora é sem acento, atendendo ao acordo ortográfico. Esta música de Ritchie é uma das mais tocadas nas rádios brasileiras durante todo o século 20, proeza que rivaliza com outras canções do mesmo artista, numa altura em que a música estrangeira começava a ser passada para trás nas paradas de sucesso, os Anos 80 dos RPM, Barão Vermelho, Lobão, Léo Jaime, Leone e tantos outros que não cito e nem precisa. Ritchie também compõe e interpreta em inglês e na sua biografia constam parcerias importantes, mas foi no Brasil que ultrapassou, nos Anos 80, os dois milhões de discos vendidos. Para quem acompanha os Top + ao longo dos anos, o álbum Vôo de Coração foi um marco da quebra da invencibilidade de Roberto Carlos no Brasil como artista do ano, o mais tocado e outros mais.

Após uma década completa em que muitas expressões pop rock dos Anos 80 brasileiros estiveram esquecidas (os 90 do rap e da nova MPB) nestes oito anos de século 21 o movimento resurgiu para durar, não como uma onda de saudade, mas trazendo saudáveis misturas. Rock Brasil, Pop MPB e outras tantas classificações são extrapoladas em trocas, parcerias e releituras musicais, envolvendo inclusive nomes da Jovem Guarda. Ritchie e Caetano, Ritchie e Erasmo Carlos, Ritchie e Léo Jaime, Ritchie e Bernardo Vilhena, Ritchie e Ney Matogrosso(ainda Secos&Molhados) como agora vocês podem ouvir na trilha sonora da telenovela A Favorita, tema de Augusto César, com a música Fala, de 1973 (voz de Ritchie). Por uma razão ou por outra, o inglês que quase perde o sotaque - quando canta - tem sido sempre chamado à cena. Parabéns Ritchie pelos 25 anos de Voo de Coração, uma das 50 músicas que não posso passar um mês sem ouvir.

E se você é daquelas pessoas que tem sêde - com ou sem acento, ainda estou tentando atinar com o acordo - de música brasileira e quer conhecer sempre mais, ou é fã de carteirinha como eu de Voo de Coração, não vou postar aqui nem imagem e nem música, embora lembrando que no YouTUBE há vídeos com fartura sobre Ritchie. Levo-os direto para o site que ele mesmo construiu, onde podem encontrar tudo sobre ele e janela para outros grandes artistas brasileiros. Biografia, discografia, letras e músicas, agenda e muita interatividade no http://www.ritchie.com.br/

Marcadores: , , , , , , ,

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Livro Marcha Interrompida convidado da ONU


O livro Marcha Interrompida e o autor estarão no próximo dia 27 na UNSRC/Sociedade da Língua Portuguesa da ONU.
Mais do que uma obra sobre o MST - Movimento dos Sem Terra -Marcha Interrompida, de Pedro César Batista, pela Thesaurus Editora, é uma reportagem romanceada que relata um episódio representativo da 'marcha' de uma região e de um país. O desfecho, conhecido como o Massacre do Eldorado do Carajás, há 12 anos, feriu um país em desenvolvimento económico e em condição democrática recém reconquistada. A ferida ainda não está cicatrizada na Amazônia, entre outras da mesma natureza que frequentemente se reabrem em diferentes pontos, dizimando pessoas, famílias e comunidades. É preciso que seja mostrada ao mundo em todas as línguas possíveis, pelos media, instituições, ONGs e pessoas empenhadas na defesa dos Direitos Humanos e no apoio às vítimas da injustiça e da violência. Para que episódios semelhantes sejam punidos exemplarmente até que não mais aconteçam. É preciso que sejam reparados os danos causados por este massacre na história das famílias que a viveram e na história do Brasil.


Pedro César Batista é um jornalista investigativo que pauta a sua carreira nos temas sociais e políticos e nas questões relacionadas com os Direitos Humanos. Embora tenha nascido no Estado de São Paulo, foi militante de esquerda na Amazônia, uma região onde persiste uma espécie de ditadura, isolada do sistema político vigente. Da mesma maneira que nas grandes metrópoles brasileiras o tráfico de drogas e das armas domina comunidades inteiras pelo terror, na Amazônia uma estirpe de empresários esconde organizações mafiosas, que executam, muitas vezes com a conivência de políticos e policiais corruptos, quem ousa denunciar os seus crimes e intervir contra os seus negócios ilegais. Um dos crimes mais denunciados ultimamente e divulgados pela imprensa brasileira é a manutenção de homens, mulheres e crianças em grandes fazendas, trabalhando em regime de escravidão, sem direitos trabalhistas e proibidos de saírem dos locais onde estão retidos.


A ditadura militar brasileira foi extinta, mas não cessaram os assassinatos e massacres de cidadãos e líderes sindicais, comunitários e políticos. Também têm sido muitos os policiais que não aceitaram aliar-se às organizações criminosas e foram executados. A questão da posse e da exploração da terra, do meio ambiente e outros relacionados, na Amazônia possuem ainda características feudais. A Reforma Agrária na região é mais complicada que no resto do país, por causa da grande dimensão territorial e dos interesses econômicos e políticos dos grandes proprietários, defendidos ainda na lei da bala. A corrupção é frequentemente relacionada com a actividade política por todo o país e em todos os escalões. Há quase 20 anos, o irmão de Pedro César, Deputado João Carlos Batista, foi assassinado em Belém do Pará, em pleno exercício de mandato. Mais recentemente foi a vez da freira americana Irmã Dorothy tornar-se vítima da impunidade - a justiça brasileira inocentou em Maio o mandante do seu assassinato. Assim como Chico Mendes, muitos mais na Amazônia foram calados e continuam a sê-lo. Alguns casos foram investigados e punidos, mas a justiça para o crime organizado ainda é tímida. Pedro César Batista está atento a esta realidade e registra no livro Marcha Interrompida um episódio marcante na trajetória do Movimento dos Sem Terra e na história social e política do Brasil e da América do Sul.

Marcadores: , , ,