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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O 6x2 DOEU DE RAIVA ATÉ EM MIM


Não me deixo afetar pelos temas do futebol, só assito aos jogos importantes e sou portuguesa só a 50%. Isso não quer dizer que não perceba um pouco do assunto. Os meus outros 50% também percebem mais um pouco e assim vamos metendo o bedelho. É a primeira metade da minha vida, vivida só no Brasil, que insiste em vibrar lá no fundo, pois torço muito pelo Brasil, como torço por Portugal, noutros campos que não os de futebol. Doeu, não por causa de qualquer sentimento nacionalista, que esses eu combato e, como diz a minha amiga Arilda Costa na sua comunidade no orkut: sou do mundo, sou internacional. Doeu por causa dos sentimentos decepcionados de tantos jovens por outros jovens "melhores" do mundo que eles, que mostram o que é o desporto na vida, mas não ensinam que ninguém precisa ser o número 1 para ser feliz. Estar no mundo do desporto e incentivar o acesso à sua prática regular, em nome da saúde e do bem estar, é que traz felicidade. Já falei quase isso por ocasião das Olimpíadas.

Senti, entre os choros e as velas da chegada da seleção portuguesa, a tristeza da torcida, pela derrota em si, sim, mas um bocado pela performance dos jogadores, pobrezinhos e incríveis. Claro que não era caso para os jogadores chegarem dando pulos de contentes, a derrota foi feia. Mas futebol é isso: um negócio, mas ao fim e ao cabo apenas um desporto, ou um esporte, como escreve o meu lado brasileiro já menos treinado - já escrevo sem os "c" e os "p" tentando cumprir o acordo ortográfico, meu português é uma mistureba. O melhor presente que os jogadores podiam ter dado à torcida na "mó de baixo" era chegarem, não com aquela cara de pêso na consciência pelos salários incríveis e pela performance, pedindo desculpas, humilhados, mas chegarem vermelhos de raiva, prometendo "porrada" aos brasileiros na próxima. Assim se faz a imagem de uma seleção, da cumplicidade com a torcida, não com promessas de vitórias que podem não acontecer. Assim se veste a camisola - camisola? camisa, amigos brasileiros.

Os dirigentes portugueses não perceberam isso ainda. O técnico desta vez foi bem diferente do que Scolari seria. Felipão certamente passaria a mão na bunda dos jogadores na frente da torcida, choraria e rezaria com eles, depois daria uns puxões de orelha ou umas tijoladas no saco mais em privado. Como um pai à brasileira. Não digo que isso resultasse, mas sempre seria um exercício de elevação do moral. Essa era a química de Scolari com a torcida. Já o técnico Carlos Queiróz não poupou diante da imprensa o ridículo dos golos tomados, para apertar com os jogadores bem pagos e para fazer unidade com a torcida injustiçada. Achando estar a mandar bem. Mas também falhou aí, porque a torcida chorava pela derrota, coisa de futebol, mas xingarem os jogadores e receberem pedidos de desculpas dos dirigentes?! Pelos altos salários que não se abalam com a crise, e que não se transformaram em golos nem levaram Portugal ao topo em poucos anos?! Compreende-se. Mas e a continuidade? A responsabilidade de pacificar a seleção com a torcida? Vão mandar os meninos embora e fechar as portas?

Os críticos e comentadores da imprensa bem falaram do comportamento das jovens estrelas do futebol português atual, demasiado centradas na própria carreira e menos no futebol. Muito se falou das derrotas repetidas. Mas a culpa é só dos jogadores? Eles são jovens, muito bons e ainda podem dar a volta à torcida e ao marcador. Mas desta vez, por falta de orientação e apoio moral - e técnico, por que não? - perderam a oportunidade de chagar à casa pedindo revanche e atiçando a torcida. A torcida teria ficado triste na mesma, mas enraivada no bom sentido se, ao invés de chegarem todos com o rabo entre as pernas, com cara de cão que mijou no tapete, tivessem chegado prometendo "porrada" aos brasileiros. O meu lado brasileiro de torcedora nem se importaria, pois já estou acostumada, nessa vida de dar dicas sobre como as pessoas podem ficar bem na fita, a travar verdadeiras batalhas napoleônicas comigo mesma. Entre Portugal e Brasil, no futebol, nem o empate. Quero é ver os meninos quebrando tudo pelo resto do mundo afora.

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